Literatura na Praça



LITERATURA NA PRAÇA
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 OBJETIVOS

Objetivo Geral: Divulgar a literatura entre leitores e não-leitores.

Objetivos Específicos:
1.      Ler publicamente narrativas e poemas ;
2.      Formar hábitos de leitura literária;
3.      Construir padrões de gosto literário;
4.      Viabilizar o surgimento do prazer de ler e ouvir literatura.

12. JUSTIFICATIVA


A riqueza polissêmica da literatura é um campo de plena liberdade para o leitor...
Bordini e Aguiar, Literatura: a formação do leitor, p.15


No fragmento posto em epígrafe, Bordini e Aguiar (1988) colocam o ato da leitura como um ato de liberdade, no que tange ao leitor.  Ao deparar-se com um texto literário, o indivíduo aparta-se das contingências que cercam seu cotidiano e se abre para o mundo do texto, para as vivências Outras que lhe são apresentadas a cada página. Relação transitiva, cada ato de leitura deve processar uma pessoalização do texto: “Não nos é possível penetrar nos textos que lemos, mas estes podem entrar em nós; é isso precisamente o que constitui a leitura.”(SCHOLES, 1991, p.22) Ler literatura, então, parece poder ser definido como um momento em que o leitor inscreve, em si, o texto lido. E não só ler, ouvir também: o ouvinte de um texto literário lida com uma presença corporal e, muitas vezes, afetiva, que lhe abre as portas da interação com o lido/ouvido. E esse  processo tem uma contrapartida: o leitor/ouvinte também se inscreve no texto, uma vez que, ao se deixar ocupar pela palavra, apropria-se dela, torna-a sua e torna-se ela mesma. Ler/ouvir literatura implica interpretar e criticar. As associações que estabelecemos ao interagirmos com uma obra literária nos revelam quem somos no e a partir da própria obra.
A relação do indivíduo com a literatura, portanto, não se constrói por um mero processo de decodificação do impresso, ela pode se construir no trânsito lúdico da mediação de outro indivíduo que passa ao ouvinte os resultados de sua interação particular com a obra e, claro, de sua afetividade. Assim, os mediadores de leitura que lêem publicamente os textos ou que os declamam ou dramatizam imprimem à obra seus condicionamentos e suas expectativas.
Ler e contar  literatura podem ser entendidos como atos que acionam e constroem mundos e vontades. E engendram, conseqüentemente, padrões de gosto e de consumo de bens culturais impressos ou não.
Aguiar propõe, ao debruçar-se sobre as contribuições das Estéticas da Recepção e do Efeito, que a conquista do prazer estético no ato de ler é capaz de construir o gosto pela leitura literária:

O prazer estético nasce, pois, da compreensão do sujeito com respeito à prática que vive, envolve participação e apropriação. Na atitude estética, o leitor deleita-se com o objeto que lhe é exterior. Descobre-se, apropriando-se de uma experiência do sentido do mundo. Diante da obra percebe sua própria atividade criativa de recepção da vivência alheia. (AGUIAR, 2008, p.21)

Ao compreenderem-se interagindo com o texto, os ouvintes e os leitores se percebem numa intimidade dantes não imaginada com a obra, intimidade esta que lhes permite selecionar episódios e personagens ou versos e estrofes           que lhes falem mais de perto ao coração e à mente, ou ainda, lhes permite, no processo de combinação das situações e personagens selecionadas, projetar sentidos pertinentes à sua contemporaneidade. Nesse processo, ledores, contadores de histórias, atores reconfiguram e ressignificam as obras do passado e do presente. Assim, elas se tornam legíveis, isto é, se aproximam das práticas e das expectativas correntes em diferentes segmentos sociais.
As reflexões sobre o ato da leitura, desenvolvidas nas últimas décadas do século XX e no início deste século XXI, apontam para, pelo menos, quatro instâncias provocadoras do gosto pela leitura literária: o próprio texto, o suporte do texto, a escola, as mídias audiovisuais.
A primeira possível instância de provocação é o texto literário. Discurso elaborado sempre sobre múltiplos recortes construtores de uma diferença intrínseca, em relação aos demais discursos que alicerçam as variadas práticas culturais, a literatura só consegue provocar aqueles que já são iniciados, que já são habilitados para navegar por suas águas turvas, mas sedutoras. O suporte do texto literário, o livro, o periódico, o cordel etc., têm uma função relevante na relação obra-leitor, mas implicam questões mercadológicas para chegarem aos consumidores: condições de edição, circulação, vendas.
As novas mídias e suas linguagens híbridas podem funcionar como instrumentos de aproximação entre as obras literárias e o público, atendendo às expectativas de grandes segmentos sociais. Mas nada substitui a voz humana, suas entonações, seus apelos. Os mediadores de leitura enfatizam por sua performance a capacidade imaginativa do interlocutor, instigando-a.
O Evento aqui proposto se justifica por  levar às praças de Caetité contos, crônicas e poemas escritos e publicados em língua portuguesa, aproximando-os de um público heterogêneo, que nem sempre tem acesso a tais obras.  Essa perspectiva torna-se interessante por agregar passado e presente, mantendo suas características e especificidades, mostrando que a literatura pode fazer parte do cotidiano urbano, da vida de operários, donas de casa, comerciários, bancários etc.

13. METODOLOGIA
O evento ocorrerá quinzenalmente nas praças de Caetité, de acordo com cronograma previamente estabelecido e aprovado pela Direção do DCH, pelo NUPEVI, pela Prefeitura de Caetité.
Em primeiro lugar, será formada a equipe de professores da UNEB, Campus VI, de qualquer colegiado. Cada professor se responsabilizará pelo treinamento de dois estudantes, para que formem a equipe.  A seguir, os professores e os alunos escolherão os textos a serem apresentados a cada trimestre.
A equipe coordenadora do projeto, juntamente com a coordenação do NUPEVI e a Direção do DCH, estabelecerá convênio com a Prefeitura de Caetité para a apresentação dos textos nas Praças.
Após a escolha dos textos, professores e alunos farão reuniões de treinamento, para que sejam planejadas e ensaiadas as apresentações. A cada mês, serão apresentados quatro contos e oito poemas, alternadamente, nas praças determinadas no Convênio com a Prefeitura.

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